A não ser que você tenha morado em uma caverna (e/ou não tenha conta em nenhuma rede social) pelos últimos 3 anos, você certamente já se deparou com essa figura. Ele foi “contra o golpe”, saiu às ruas na “greve” geral do dia 28, venera o Lula e acha que Chico Buarque é provavelmente a melhor coisa que já saiu do Brasil. Ele e o elenco de “Aquarius”. Você sabe quem ele é, mas na verdade nunca entendeu direito o que se passa em sua cabecinha. Até agora. Conheça um pouco mais sobre o fenômeno da “esquerda caviar”. Quem são? Onde vivem? O que comem? Descubra como identificar e lidar com esses encantadores indivíduos.
Mas afinal, o que é essa tal de esquerda caviar? Eles vêm em diversos formatos, mas basicamente são pessoas que, apesar de virem de uma formação intelectual privilegiada, apoiam ideais esquerdistas de forma dogmática. Além disso, todo esquerdista caviar (chamados de EC de agora em diante) apresentam uma saudável dose de hipocrisia em suas ações e posts intermináveis, especialmente quando lhes convém. Como, por exemplo, ser contra o capitalismo (sim, em pleno sec. XXI) apesar de ostentar o último modelo de smartphone. Ou, no caso de artistas e celebridades, empurrar sua agenda política esquerdista do topo de sua torre de marfim – ou apartamentos em Paris – aumentando a pobreza para inúmeras pessoas, enquanto são pagos via Lei Rouanet.
Nós convivemos com esse pessoal constantemente em nossas vidas, vira e mexe aparece um post no nosso feed para ajudar a azedar um pouco o dia. Muita gente já perdeu (ou estremeceu) diversas amizades por discussões que começaram assim. E o pior, mesmo quando apresentamos argumentos lógicos e/ou embasados, pouco adianta. Eles são ignorados com intransigência, fato que fica óbvio quando a resposta pouco tem a ver com o que você falou em primeiro lugar, além de normalmente ser acompanhada de um tom condescendente cheio de superioridade. Em (muitos) casos especiais, até somos acusados de “racismo”, “machismo” , e outras “buzzwords”
E isso sempre te incomodou. Pode falar sério. Porque, por mais que queiramos, sabemos que falta de estudo ou aptidão intelectual não é o problema. Muitas dessas pessoas foram colegas de faculdade, de trabalho, de classe, enfim. AFINAL, qual é o problema desse pessoal, e como lidar, conviver e discutir com eles? E, mais importante, porque você tem a obrigação moral de refutá-los.
Origem e motivações
Uma das minhas crenças mais fortes é que tudo na vida é uma questão de alinhamento de incentivos. Mas por essa ótica, o que o cidadão ganha em ser um distinto membro da EC? Primeiro temos que entender quem são. Dificilmente as descrições e estereótipos apresentados abaixo definirão definitivamente aquele “teu amigo do colégio”. É muito mais provável que ele seja um mosaico de estereótipos aqui apresentados, e outros ainda.
Boa parte do problema se encontra na palavra-chave: “caviar”. Parece que quanto mais rico, pior fica. O bom EC vem de algum nível de privilégio. Ele usufrui do fruto do trabalho do papai ou do vovô, que deram duro, mas ele é quem se sente culpado. Pode ser que essa confissão nunca lhe escape os lábios. Mas essa culpa paira como um peso gigantesco sobre seus ombros. Se o valor máximo da esquerda é igualdade – ponto defendido por quase todos EC que já encontrei – os integrantes da EC representam a hipocrisia definitiva. E essa dissonância cognitiva os corrói por dentro, e é a fonte de sua infame e ampla fonte de amargura. Não esqueçamos que, para frequentar os círculos sociais da esquerda, esse ponto se torna ainda mais crucial, e é onde essa “culpa” é devidamente sedimentada.
Como todo bom esquerdista, a EC despreza o dinheiro. Publicamente, é claro. Em sua intimidade, naturalmente, as coisas são um tanto diferente. Raramente dispensam aquela viagem pra NY pra fazer enxoval ou o tradicional iPhone. Adoram ir fazer “turismo bio-sustentável orgânico tântrico vegano”, sempre em algum lugar paradisíaco e remoto do outro lado do globo, mas nunca na serra do Guarujá. Todo esse desprezo da EC permeia sua identidade, assim como seu comportamento e até aparência. A ironia suprema é que se criou um mercado pra essa turminha, no qual você pode gastar uma quantidade fantástica de dinheiro para comprar algo que se parece com um saco de batata velho. Empreendedores sagazes não deixaram isso passar, e criaram uma infinidade de produtos para satisfazer essa necessidade. Qualquer um que já entrou em uma loja da Osklen, por exemplo, sabe como é caro parecer que não se importa com dinheiro. Ou estar na moda.
Aproveitando que estamos falando de moda, hoje está na moda fazer parte da EC. Você vai estar em sintonia com as celebridades mais descoladas, Globais e com os músicos que adoram o politicamente correto. E, mais importante, vai mostrar pra aquela/e gatinha/o que você tem consciência social. É uma pessoa generosa que prega igualdade e amor. É um verdadeiro bom partido. Do mesmo jeito que a moda muda, e as pessoas mudam de acordo para serem mais atraentes, hoje em dia a EC usa sua visão política como um roupa. Hoje é uma, e amanhã pode ser outra completamente diferente. Pouco importa, o que vale é estar alinhado pra ser sempre “cool” em sua roda social. No final das contas é uma questão de vaidade. REPITO, tudo na vida é uma questão de incentivos. E sexo é um baita motivador.
E qual jeito melhor de ser descolado que ser do que ser “do contra”? Muitos visionários foram “do contra”, mas nem todos do contra são visionários. Mas a EC não entende isso. Ela veste a sua oposição com orgulho e superioridade. Em seu íntimo, lamenta: “O mundo não está pronto para o futuro moderninho evoluído no qual eu já me encontro, e meus amigos/família ignorantes são a prova disso. Coitados…”. A verdade é que o EC floresce com atenção. É uma necessidade psicológica que se assemelha muito a de uma criança, que desobedece para tê-la. Em suas respectivas famílias, que tiveram que trabalhar duro por tudo que tem e portanto sabem o valor do trabalho, são sempre a voz dissonante quando o assunto é distribuição de renda por exemplo. Em seu círculo social “coxinha”, a história é a mesma. Mas tudo é uma fachada para angariar atenção, e desfilar sua suposta superioridade moral.
COMO DEBATER UM EC
O grande tema recorrente e denominador comum dessa pequena amostra de motivações da EC é o “eu”. Eu Eu Eu Eu e EU! É tudo um grande narcisismo moral e intelectual.
A posição política serve quase como uma peça de roupa. É um instrumento para aumentar a auto estima e seu sentimento de superioridade para com os demais. É usado para “virtue signal”, ou demonstrar para todos que observam que você é uma pessoa virtuosa. A virtude – tão discutida por tantos filósofos brilhantes, de Aristóteles a Ayn Rand, e tão desejada por todos – agora foi banalizada. Basta você ter um conjunto de opiniões já aceitas e politicamente corretas que você é uma pessoa virtuosa. Especialmente se você for um artista ou alguém famoso, e as pessoas querem saber mais e mais da sua vida. As posições esquerdistas da nossa querida EC, portanto, nada mais são que um adereço intelectual, que são vestidos, ostentados, e descartados com o naturalidade de acordo com a moda. São, essencialmente, uma selfie. Do mesmo jeito que nossas timelines do Instagram estão repletas delas, nosso Facebook está saturado de opiniões cujo propósito é puramente auto-promocional e hedonístico. Ao contrário da selfie, cujo beneficiário é somente você, a postagem política da esquerda caviar reforça muitas ideias que vão completamente contra o interesse nacional, e todos nós pagamos para que o amiguinho da EC infle seu ego.
Reparem, agora, porque o problema se complica. As opiniões políticas das EC são uma extensão natural delas. São motivo de vaidade. Refutá-las decisivamente com fatos é o equivalente arrancar um cachecol ou bolsa caríssima das mãos de uma pessoa e os incinerar antes que ela possa reagir. Elas o veem como um ato brutal e profundamente pessoal, um tipo de sabotagem de sua vaidade. Não é de se admirar que fiquem irritadas e irracionais. E mais. Um ataque pessoal pessoal normalmente é respondido com outro ataque pessoal. Fogo com fogo. E nessa hora, despido de fatos e lógica, a EC apela para os insultos clássicos: “fascistas, machistas, racistas, golpistas, etc”.
Logo, debater a EC é quase um paradoxo. A discussão, no final das contas, nunca vai ser sobre o assunto em questão, e sim um ataque pessoal, que será respondido a altura. Quanto mais sofisticado a intelectualizado o membro da EC for, mais sutil e indiretos serão os insultos ou sugestões. Mas a idéia é sempre encurralar o seu interlocutor e sugerir (ou gritar o mais alto possível, depende da sofisticação da pessoa) que você é uma pessoa ruim por não concordar com ela. Que você não tem pena da velhinha que depende da previdência, que você não se importa com o pobre que ta na fila do SUS, que você não reconhece que existe uma opressão machista no mundo… a lista é infinita. E que a única solução moral é a que ele propõe. A esquerda sempre trata os problemas em termos morais, e por isso que é tão bem sucedida.
Mas se toda discussão parece ser um caso perdido, então quando devemos debater a EC? Sempre que puder, mas somente quando houver uma platéia. Isso é muito importante. Dado que a motivação da EC é narcisista e extremamente emocional, o melhor jeito de desinflar o ego da EC, que depende de validação social, é fazer passar “vergonha” na frente de outros. Fatos e razão não funcionam contra a pessoa da EC, pois além de perceberem isso como um ataque pessoal, a natureza de seu posicionamento político é dogmático. Mas funcionam para quem está ouvindo a conversa. Dito isso, é importante saber que a sua amizade e/ou relação pode deteriorar, pois é impossível refutar por completo diversas posições morais (e suas implicações sobre você) da EC sem escalonar a discussão, especialmente quando o ponto implícito da EC é que você é um argumento moral: racista/fascista/machista etc. etc.
Nesse momento uma pessoa normal se sente ofendida e começa a se justificar, pra tentar provar que não é o que está sendo acusada. Tomar a defensiva é errado. A conduta correta, nesse caso, é expor que a “pessoa ruim” na verdade é ele que está te acusando de algo sério sem provas. Assim você tira a arma mais poderosa e versátil que eles tem, além de arrastá-los de volta a discussão objetiva. Esse é o único jeito de não parecer que perdeu uma discussão escalonada, usando fogo com fogo, e lembrando que seu interlocutor quer te queimar, não adianta ser bonzinho. Portanto, nunca comece uma discussão que você não está disposto a terminar (com o seu chefe, por exemplo), pois quase invariavelmente ela vai caminhar para escalonamento. E, óbvio, esteja sempre bem munido de conhecimento, argumentos, teorias, exemplos práticos e afins, algo que esse blog e o IFL podem te propiciar em descomunal abundância, apesar desse texto em particular estar focado mais no meta-diálogo e menos no conteúdo bruto.
Você tem uma obrigação moral de refutar a EC. Se você leu até aqui, entendeu como a EC se espalha – similarmente a um vírus – e que quanto mais cortarmos possíveis novas contaminações, menos perigo a população e nação de forma geral. Além disso, existe um outro fator: que René Girard chama de desejo mimético, em que um objeto (nesse caso a opinião esquerdista) não atrai por suas qualidades inerentes, mas por ser simultaneamente almejado por um outro, a quem Girard denomina de mediador. Ao não se opor e refutar a EC, você está ajudando a criar mais um mediador – como se já não bastasse ter metade da Globo e toda a MPB contra a gente – e assim conferindo mais valor a ser da EC. Como se já não fosse difícil tentar espalhar e defender ideias liberais do jeito que está. O conceito é como o da utilidade Waze. Se todo mundo está usando, você tem informação atualizada do trânsito em tempo real, e isso pode te ajudar a chegar em casa mais rápido. Se só você usa, o app é quase inútil em sua utilidade marginal. Como já dito, tudo é uma questão de alinhamento de interesses, via incentivos. Ao não se opor a EC, cria-se mais um mediador e fica mais atrativo para uma pessoa adotar os dogmas da esquerda, e colher as “recompensas”. Cabe, portanto, a nós nos certificar que eles tenham oposição daqui pra frente, antes que seja tarde demais.